Pessoas por trás da música

7 Fatos que Você Precisa Saber Sobre o Ícone do Jazz Miles Davis

Por Eric Harry

“Cara, às vezes demora um bom tempo para você soar como você mesmo”. - Miles Davis

Se você conhece o jazz, você conhece Miles Davis. Eu apostaria que mesmo que você não ouça jazz, há uma chance que você tenha ouvido pelo menos uma de suas músicas.

Nas cinco décadas em que se apresentou, ele reinventou de forma constante seu som, mudando a paisagem do jazz e da comunidade musical em geral. Ele esteve na vanguarda dos movimentos populares do jazz, incluindo bebop, cool, modal, hard bop e fusion. Pop, soul, R&B, funk e rap foram todos influenciados pelo seu trabalho.

Aqui estão 7 histórias dos bastidores que você talvez não saiba sobre esse ícone musical.

O Nascimento do Jazz Modal: Kind of Blue

Kind of Blue não é apenas o disco mais vendido na história do jazz, como também é o disco mais influente. Gravado na primavera de 1959, no 30th Street Studio da Columbia, em Nova York, ele libertou o mundo do jazz das restrições do bebop.

Solos líricos, uma potente simplicidade e uma sensação de urgência suave fluem pelas cinco faixas do disco. O estúdio da 30th Street se tornou o laboratório de Davis, e o experimento em música modal ampliou bastante o gênero do jazz, dando à música uma forma de expressão mais livre em comparação com o bebop, que era mais rígido.

Kind of Blue nasceu do desejo de liberdade de Davis. Uma enorme influência quanto a essa vontade de ir além das progressões de acordes do bebop veio da obra do autor e compositor George Russell. Suas teorias da música modal no livro “Lydian Chromatic Concept of Tonal Organization” em 1953 pavimentaram o caminho para Kind of Blue, mas foi Davis quem abriu o caminho para o livro de Russell.

Tempos antes, um comentário de Davis, na época com 18 anos, despertou a curiosidade de Russell. Em 1945, Davis disse casualmente a Russell que seu objetivo musical era “aprender todas as mudanças”. O que Russell ouviu foi que Davis procurava maneiras novas e mais amplas de relacionar acordes. A partir disso, Russell começou a pensar em música modal, o que o levou a escrever seu livro seminal. Kind of Blue marcou o capítulo final na constante colaboração entre os dois gênios da música.

O Trompete Transcendente de Miles Davis: Blue in Green

Blue in Green não é a música mais famosa de Kind of Blue, essa honra vai para So What. No entanto, muitos críticos veem Blue in Green como o ponto alto do álbum.

Thomas Ward, da Allmusic, diz que é a peça musical mais bonita do álbum e escreveu que a parte de piano de Evans “é magnífica e seu solo uma obra-prima de lirismo incomparável”. A importância da canção não pode ser negada, mas suas origens são um pouco menos certas.

Uma história da gênese de Blue in Green começa com uma nota de Miles Davis a Gil Evans. Ela continha apenas os símbolos musicais de “Sol menor” e “Lá aumentado”. Davis entregou o papel a Evans e disse: “veja o que você pode fazer com isso”.

Outros creditam a música apenas a Evans. Em uma entrevista de rádio, Evans disse que havia escrito a música: “a verdade é que fui eu [quem escreveu a música]”. Evans insiste: “Eu não quero fazer disso um caso federal, a música existe, mas é Miles quem está recebendo os royalties”. Em resposta a Evans querer crédito e royalties, Davis assinou um cheque de US $ 25 para ele.

Quinteto de Miles Davis: Uma Banda Suprema

A banda mais famosa do jazz foi o quinteto de Miles Davis. Além de sua capacidade de escrever e tocar uma música revolucionária, a outra força significativa de Davis era sua capacidade de reunir grandes músicos promissores e nutrir a criatividade deles.

Após uma apresentação triunfante no Newport Jazz Festival de 1955, a Columbia Records queria assinar com Miles e realizar sua turnê. O único problema era que Miles não tinha uma banda.

Ele rapidamente encontrou o pianista Red Garland, o baixista Paul Chambers e o baterista Philly Joe Jones, mas ainda faltava um saxofonista. Aí entrou John Coltrane.

Todos sabemos que essa história termina com John Coltrane ingressando no quinteto e se tornando igualmente um pioneiro no jazz.

Tendo conhecido Coltrane em 1947 e tocado com ele em um show em 1952, Davis o chamou para fazer uma audição. Mas Miles não estava seguro se devia pedir a Coltrane que se juntasse à banda. Davis sentia que o som de Coltrane ainda estava se desenvolvendo. Mas o maior problema era que Coltrane pedia a todo momento a orientação de Davis.

Mais tarde, Davis disse sobre a audição: “Naquela época, Trane gostava de fazer todas essas perguntas sobre o que ele deveria ou não tocar... para mim, ele era um músico profissional, e eu sempre quis que quem tocasse comigo encontrasse o seu próprio lugar na música”.

Por fim, Miles contratou Coltrane por um motivo singelo: ele era o único que conhecia todas as músicas!

Cool Cool Cool Jazz: O Nascimento do Cool

O que torna o cool jazz legal? Ritmos relaxados e tons mais claros. O bebop era rápido e complexo, e o cool jazz vinha para torná-lo mais calmo. Miles estava na vanguarda desse movimento.

Diz-se que o solo de Davis na música de Charlie Parker Now's the Time antecipou o movimento do cool jazz. Mas foi o álbum dele, Birth of The Cool, que chamou a atenção de todos.

Gravado em 1949, foi um ponto crucial no jazz americano. O conceito do álbum veio do apartamento de Gil Evans em Nova York. Por mais que Miles se sentisse em casa estando nos palcos, ele também se sentia em casa quando discutia música, teorizava e aprendia com os outros.

Os músicos estavam explorando “novas texturas instrumentais”, emparelhando os instrumentos de sopro, em vez de colocá-los uns contra os outros como nas grandes bandas. Evans estava preocupado com a composição da banda, então adicionou um saxofone barítono, um trombone, uma trompa francesa e uma tuba à mistura. Quanto a Davis, sua preocupação na época era simplesmente tocar com um som mais leve, que ele acreditava ser mais expressivo.

Mais Que a Música: As Pinturas de Miles Davis

Miles só começou a desenhar e pintar quando já estava com cinquenta e poucos anos. Durante um período de inatividade musical no início dos anos 80, ele começou a criar arte. A atriz Cecily Tyson, sua esposa na época, trouxe para ele blocos de desenho e lápis de cor enquanto ele estava em uma clínica de reabilitação. Isso deu início a uma paixão por criar arte que durou o resto de sua vida.

Ele começou a ter aulas com uma pintora de Nova York chamada Jo Gelbard. Uma peça que eles criaram juntos apareceu na capa de Amandla, seu álbum de 1989. Eventualmente, Davis e Gelbard deixaram seus respectivos parceiros e se tornaram amantes.

Cheryl Davis e o Legado de Miles

Miles morreu em 1991. Ele deixou sua propriedade e o catálogo de músicas nas mãos de três pessoas: seu filho Erin, sua filha Cheryl e seu primo Vince Wilburn Jr. A maior questão que os três enfrentaram foi como manter Miles Davis vivo aos olhos do público, mesmo quando seu público-alvo envelhecia.

Com mais de 100 álbuns gravados, a produção de Miles foi prolífica. O lançamento de álbuns inéditos e a criação de novos sets apaziguaram os fãs mais ferrenhos, mas eles também queriam captivar fãs novos e casuais.

Uma participação no festival de música SXSW, exposições em museus itinerantes e parcerias com artistas de hip hop como Questlove, Nas e The Pharcyde foram eficazes para manter Miles vivo para novos públicos.

O filme de 2015 Miles Ahead foi outra maneira de colocar Davis diante de novos olhos. O filme teve início e foi dirigido por Don Cheadle.

Cheadle inspirou-se na abordagem musical de Davis. Assim como Davis se libertou das restrições das progressões de acordes, Cheadle se libertou da estrutura narrativa. A abordagem do filme não era produzir uma cinebiografia, mas sim criar um filme que Miles gostaria de estrelar, usando fatos de sua vida, bem como elementos de ficção.

Miles Davis, Chef

Miles Davis adorava uma boa comida, mas odiava ir a restaurantes. Então, ele desenvolveu uma paixão por cozinhar em casa. Uma de suas especialidades era chilli.

Na biografia de Davis por John Szwed, há a lista de ingredientes usados nessa receita de chilli, embora as medidas exatas não estejam presentes – afinal, Miles gostava de improvisar.

Felizmente, o crítico de cinema Ron Deutsch arriscou a sorte na receita. Se você não puder tocar trompete como Miles, pelo menos pode cozinhar como ele, aqui está a receita.

Ouça a Música de Miles na Calm Radio

Agora que você sabe tudo sobre essa figura revolucionária, é hora de ouvir sua música.

Temos uma variedade de canais de jazz que trazem músicas de Miles. Ouça seu trabalho no bebop, cool jazz, música modal, e muito mais. Aproveite.

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