Pessoas por trás da música

The International Sweethearts of Rhythm: Desafiando o que sabemos sobre o Jazz

Por Ryan Spooner
“A história da luta das mulheres por igualdade não pertence a uma única feminista ou a qualquer organização isolada, mas sim aos esforços coletivos de todos aqueles que se importam com os direitos humanos” – Gloria Steinem

O Dia Internacional da Mulher ocorre em 8 de março. É o dia mundial de se celebrar os avanços das mulheres em nível social, econômico, cultural e político. É também um apelo à ação em prol de um futuro melhor, acelerando a igualdade dos gêneros ao redor do mundo.

O tema deste ano é “um mundo igual é um mundo capacitado”. No espírito da celebração, queremos voltar nossa atenção às incríveis conquistas da International Sweethearts of Rhythm, a primeira banda totalmente feminina dos Estados Unidos.

Essas mulheres foram não apenas poderosas musicistas, como também despertaram a consciência contra o preconceito, racismo e desigualdade dentro do jazz e além. Elas lutaram por um mundo capacitado. Elas desafiaram os estereótipos, ampliaram as percepções, melhoraram as situações e celebraram as mulheres ao seu redor.

As Poderosas Mulheres do Jazz

As mulheres contribuíram durante muitas eras da história do jazz, como artistas, compositoras, letristas e líderes de banda. E mesmo assim, quando você lê os livros de história, neles elas foram ignoradas.

Na série de 2001 sobre Jazz, de Ken Burns, por exemplo, há apenas uma passagem mencionando instrumentistas mulheres, apesar da duração de 19 horas da série inteira! Além disso, dentro da compilação de álbuns com 22 artistas únicos que acompanhou o lançamento do documentário, somente 3 mulheres estiveram presentes, todas cantoras. Em toda a história das gravações de jazz, nenhuma instrumentista mulher foi considerada digna o suficiente para ter seu álbum acompanhando o documentário.

As mulheres contribuíram imensamente com a história do jazz e, infelizmente, essa história é simplesmente ignorada. Somado ao preconceito de gênero, o problema é ainda agravado pelo preconceito racial. Por sorte, mulheres pioneiras se juntaram contra o sistema e mudaram a narrativa do jazz.

A História das International Sweethearts of Rhythm

Indo de uma escola rural no Mississipi até o palco central no Apollo, a história das International Sweethearts of Rhythm deve ser honrada, especialmente nas proximidades do Dia Internacional da Mulher.

As membras originais da banda se conheceram em 1938 na Piney Woods Country Life School,uma escola para crianças pobres e afro-americanas no Mississipi. Inspirada pelo grupo Melodear de Ina Ray Hutton, o diretor e fundador da escola, Dr. Laurence C. Jones, quis iniciar uma banda totalmente feminina na Piney Woods como uma forma de arrecadar fundos para a escola.

Em abril de 1941, a banda de jazz totalmente feminina da Piney Woods, conhecida como International Sweethearts of Rhythm, tornou-se profissional e cortou suas conexões com a Piney Woods. O “International” em seu nome era atribuído às diferentes etnias representadas na banda, incluindo integrantes latinas, asiáticas, caucasianas, negras, indianas e porto-riquenhas. Anna Mae Winburn se tornou a líder em 1941, depois de abandonar sua posição de líder em sua outra banda, formada só por homens, a Cotton Club Boys em North Omaha, Nebraska.

As International Sweethearts of Rhythm tocaram para públicos predominantemente negros em teatros por todos os Estados Unidos, incluindo o Apollo em Harem, o Howard Theatre em Washington e o Regal Theatre em Chicago. Elas rapidamente ascenderam à fama entre o público afro-americano, tendo um show no Howard Theatre estabelecido um novo recorde de bilheteria, com 35.000 clientes.

Durante os anos 1940, a banda trazia algumas das melhores mulheres musicistas da época. Apesar do nível do talento na banda, elas enfrentaram discriminação racial e de gênero. Sendo uma banda de etnia misturada, elas enfrentaram as leis de Jim Crow do Sul. Quando a banda viajava para região, todas as membras comiam e dormiam em um ônibus, pois as leis segregacionistas as impediam de usar restaurantes e hotéis.

Durante a Segunda Guerra Mundial, campanhas de cartas de soldados afro-americanos no estrangeiro pediram e, em 1945, a banda embarcou em uma turnê europeia de seis meses pela França e Alemanha, tornando-as as primeiras mulheres negras a viajar com a USO.

Não se sabe ao certo o porquê da separação da banda, mas várias razões foram reveladas sobre o motivo pelo qual as International Sweethearts of Rhythm começaram sua dissolução gradual após o retorno de sua turnê europeia em 1946. Isso inclui casamento, mudança de carreira, cansaço de estar sempre na estrada, envelhecimento, falta de dinheiro suficiente que pagasse todo o esforço e problemas gerenciais.

O Poderoso Legado Delas

No início do século 20, as orquestras de jazz costumavam mostrar apenas ‘cantoras’, acreditando que esse era o único lugar para as mulheres no jazz. As mulheres raramente ficavam no coreto ou escreviam arranjos e composições.

No entanto, as International Sweethearts of Rhythm conseguiram superar esses obstáculos e mostrar que as mulheres tinham um lugar no palco. Embora ainda haja muito a mudar no jazz, essas mulheres mostraram que havia outras possibilidades. Infelizmente, em sua época, poucos críticos levaram a banda feminina a sério, então elas foram amplamente ignoradas pela imprensa.

Elas foram redescobertas pelos acadêmicos nas décadas de 60 e 70, mas não foram os historiadores do jazz que as defenderam, foram os departamentos de Estudos da Mulher. A história delas fez parte de uma mudança no discurso sobre a história do jazz. Por causa da discriminação que sofreram, poucas instrumentistas foram registradas, ocasionando a sua ausência na memória do jazz. A existência das International Sweethearts of Rhythm e outras instrumentistas do jazz feminino significa que historiadores e musicólogos precisam mudar completamente a forma como se lembram da história. Elas exigem uma nova estrutura para contar e interpretar a história do jazz.

Somado a tudo isso, as International Sweethearts of Rhythm lutaram ao longo das linhas raciais. Numa época em que brancos e negros no sul dos Estados Unidos eram forçados a viver vidas estritamente segregadas, essas mulheres comiam, dormiam, trabalhavam e tocavam juntas – suas diferenças raciais eram uma força. O pianista e líder de banda de jazz, Earl Hines, chamou as International Sweethearts of Rhythm de “as primeiras desbravadoras da liberdade”.

Em 2012, o álbum de compilação International Sweethearts of Rhythm: Hottest Women’s Band of the 1940s foi selecionado pela Biblioteca do Congresso para ser preservado no Registro Nacional de Gravação por ser uma obra “cultural, histórica ou esteticamente significativa”.

Ouça as Mulheres do Jazz

Hoje, as mulheres têm um papel de destaque no mundo do Jazz e continuam a escrever, tocar e cantar músicas que se tornaram essenciais na vida cotidiana e estão levando o gênero de jazz ainda mais longe.

O canal Mulheres do Jazz da Calm Radio celebra as mulheres que mudaram o curso do jazz. É a trilha sonora perfeita para o Dia Internacional da Mulher (e além).

Aproveite e Feliz Dia Internacional da Mulher.

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